quinta-feira, 30 de abril de 2009

O meu olhar

O meu olhar é nítido como um girassol,
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Fernando Pessoa
Não penso. Vivo e sinto :D

5 comentários:

  1. Isto comeu-me o comentário a meio!

    Alberto Caeiro, o homem dos sentidos. Adoro! *.*

    ResponderEliminar
  2. Como é possivel gostar dum gajo que queria ser uma ovelha para sentir muitas coisas ao mesmo tempo?!?!
    O Al dos Campos é que rulava tudo, com a sua vibe anti-social!

    ResponderEliminar
  3. Grande FP! :)
    Já sabes o que penso sobre esses olhos ;)

    ResponderEliminar